28 abril 2006
Julgar não é fácil...
Se há coisa que anda para aí nas horas da amargura é a nossa justiça… de tão perra e inoperante, ao respectivo Ministério, em rigor, se deveria chamar da Injustiça.
Mas mesmo que a máquina funcionasse bem, não pensem que é fácil julgar… ora, atentem a este extracto da famigerada obra de Miguel Cervantes, “D. Quixote de La Mancha”.
(…)
- Senhor: um rio caudaloso dividia dois campos de um mesmo senhorio (atenda-me Vossa Mercê, porque o caso é de importância e bastante dificultoso). Nesse rio havia uma ponte, ao cabo da qual ficava uma porta e uma espécie de tribunal em que estavam habitualmente quatro juízes que julgavam segundo a lei imposta pelo dono do rio, da ponte e das terras, que era da seguinte forma: se alguém passar por esta ponte, de uma parte para a outra, há-de dizer primeiro, debaixo de juramento, onde é que vai; e, se jurar a verdade, deixam-no passar, e, se disser mentira, morra por elo de morte natural, na forca que ali se ostenta, sem remissão alguma. Sabida esta lei, e a sua rigorosa condição, passaram muitos, e logo, no que juravam, se mostrava que diziam a verdade, e os juízes, então, deixavam-nos passar livremente. Sucedeu, pois, que, tomando juramento a um homem, este jurou, e disse que fazia este juramento só para morrer na forca que ali estava e não para outra coisa. Repontaram os juízes com o caso, e disseram: Se deixamos passar este homem livremente, ele mentiu no seu juramento, e, portanto, deve morrer; e, se o enforcamos, ele jurou que ia morrer naquela forca, e, tendo jurado a verdade, pela mesma lei deve ficar livre. Pergunta-se a Vossa Mercê, Senhor Governador: Que hão-de fazer os juízes a este homem, acerca do qual estão ainda até agora duvidosos e suspensos? (…)

Podem lavrar os vossos palpites…
 
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27 abril 2006
Que faço aqui?
 
posted by José at 13:36 | Permalink | 17 comments
25 abril 2006
Liberdades

O cravo é para todos.
Os morangos são para ela.


 
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23 abril 2006
Discriminação, não!
Pela Cila do A La Long.
Foi-me feito o desafio para escolher e divulgar uma ONG da minha preferência.
Antes de anunciar uma escolha (haveria tantas) quero começar por expressar um estado de alma.

Se há coisa que me esmaga é a estupidez de alguma suposta inteligência humana. A estupidez daqueles que se acham donos duma qualquer superioridade e que consideram tudo quanto os rodeia menor e desprezível.

Por isso, me preocupam todas as formas de descriminação e a tendência para a uniformização mundial sem que se deixe o mais pequenino espaço (de respeito) para aqueles que querem permanecer diferentes e para aqueles que são o que são e que sendo o que são, assim são e serão…


Dói-me e esmagam-me a alma todas as formas de discriminação. De raça ou género, credo ou religião, condição social, atitude ou postura intelectual… e muitas outras perspectivas de descriminação. Igualmente me ferem os comportamentos sucedâneos da discriminação, como a ânsia voraz das culturas dominantes para tentar liquidar e aniquilar as sociedades que na savana africana, nos desertos australianos ou na mata amazónica persistem em viver de modo diverso.

Assim, a minha escolha poderia recair numa das várias centenas de ONG’s que lutam contra todas e quaisquer formas de discriminação. Em representação de todas, indico uma de forma aleatória… A SOS RACISMO.
 
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22 abril 2006
Ganda noia
Eis um post que ficou por fazer desde Miami. Faço-o agora. Mas, agora, o ME já é YOU... ohhh...
 
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20 abril 2006
A salsa e o caldo


O radiotelescópio de Arecibo

















A-salsa
A Recepção de visitantes na destilaria da Casa Bacardi.
O coberto é a estilização de um morcego em voo, o famoso logo da marca.


San Juan, capital de Porto Rico, a “ilha do senhor valente”. À entrada do porto lá estavam elas, “El Morro” e “San Cristobal”, duas das fortificações herdadas do tempo colonial e que durante séculos protegeram a cidade dos ímpetos da pirataria. Coincidindo com a sua segunda viagem ao novo mundo, Cristóvão Colombo foi o primeiro europeu a pisar a ilha em 1493. Aí, encontrou os índios arahuacos que a chamavam de “Borinquen” (ilha do senhor valente). Até 1898 (guerra Hispano-Americana) Porto Rico permaneceu colónia da coroa espanhola.
Hoje, Porto Rico, é politicamente um Estado Livre Associado dos USA (estatuto consolidado em referendo realizado em 1998). Os porto-riquenhos, apesar de gozarem de cidadania norte-americana, não votam nem para a presidência nem para o congresso dos USA. Como contrapartida também não pagam impostos federais, daí o facto de muitas empresas norte-americanas, principalmente da área farmacêutica e das novas tecnologias, terem transferido para a ilha as suas unidades de produção. As indústrias de ponta e a forte actividade turística conferem aos porto-riquenhos um dos melhores rendimentos “per capita” da América Latina.
Também fomos informados que é em Porto Rico que se encontra o célebre radiotelescópio de Arecibo, o maior radiotelescópio individual fixo do mundo (305 metros de diâmetro).
Mas digam o que disserem, a felicidade dos povos também se faz doutros valores. E Porto Rico é a capital da salsa (uma mescla de música afro-americana e de jazz). Willie Colón, Grande Combo, “Latin Jazz Ensemble” de Tito Puente… são apenas alguns dos salseiros mais famosos.
Mas a salsa só tempera, verdadeiramente, se for na rua… nas ruas da "vieja" San Juan… aí, sim… o ritmo, o perfume, a magia, o bambolear, o bulício… aí, sim… na rua é que a salsa está em casa.
Maresia tropical, rum (simples ou em cocktail), salsa e um sorriso mestiço que se derrete em graciosos e desconcertantes movimentos ondulantes… e está o caldo entornado…
O relógio… o tempo… ah, o tempo… o tempo é que mata tudo. Controlasse eu o tempo e parava-o logo ali…
 
posted by José at 01:54 | Permalink | 17 comments
18 abril 2006
King of the wolrd
“I am the king of the world”. Tive de fazer essa figurinha fatela na proa do navio. Juro que morria se não a fizesse. Peito feito, ritual cumprido, lá vim eu, pela coberta, para começar a preencher o primeiro dia de mar alto. E se alguém pensou que eu ia pagar 50 cêntimos de dólar por minuto, sujeito a um pacote mínimo de 100 dólares, para ter acesso à Internet (e deixar de desfrutar tantas outras coisas boas sem custos acrescidos), enganou-se. E o primeiro fui eu. A vontade de postar foi um ar que lhe deu mal me informei dos custos de utilização do ciberespaço. Plof…
Plof. De “the king of the world” passei rapidamente à condição de Jack Dawson, não do Titanic (filme) mas do “Navigator of the Seas” (navio).
Mas nem tudo foram percas. O que perdi em net ganhei em “Dolce far niente”… bem..., isso foi nas piscinas, nas saunas, no papo ao sol… porque em boa verdade também houve “fitness” (mas, já não vou lá…), “jogging” (slowly, slowly…), merengues, salsas (ui, ui, mais uma marguerita que sou tímido), “music hall”, patinagem no gelo (estas duas a partir da plateia) e até quatro livritos que levei por descaro de consciência marcharam e mais que fossem… quer-se dizer, nos intervalos do "dolce far niente" pratiquei uns ócios menos negligentes… e tudo isto porque o ócio criativo (o dos blogs) estava caro para caramba.
E pronto. Aqui fica a justificação duma dezenas de dias sem postar. Já agora aproveito para registar a minha chegada e assentar o regresso às berças…
Vou ver o que se aproveita no espólio desta incursão à terra dos piratas (sim, porque também houve assaltos a terra firme) e o que for publicável vai virar post, com certeza. Só espero que no meio da tralha toda haja algo consumível e dentro dos prazos de validade.
 
posted by José at 02:19 | Permalink | 18 comments
07 abril 2006
Perfume latino-americano
Miami Beach, Royal Palm Hotel
(7 de Abril de 2006, 17:17 horas, menos 5 horas TMG)
Vinte e quatro horas após a chegada, há já sensações que se entranham na gente.
Devo começar por confessar que não sou um simpatizante entusiasta do “american life”, mas Miami, também, não me parece que seja um dos protótipos perfeitos desse "style". Em Miami, sente-se logo à chegada um intenso cheiro latino. A língua espanhola, profusamente usada, a gastronomia, os eventos culturais e de lazer, os sons que ecoam, o modo gingão, simpático e arrastado dos nativos… não enganam… tudo tresanda a latino-americano.
Bom, mas hoje ainda é dia de explorações e descobertas... há que fazê-lo porque amanhã,... é tomar o pequeno-almoço e zarpar… o “Navigator of the Seas” já se vê lá ao fundo acostado nas docas de Miami… nos preparativos finais, para a viagem, com certeza…
Miami, Mayaimi (água doce ou água grande) na língua dos índios Tequesta, os tais que os espanhóis por aqui encontraram no século XVI, é uma cidade costeira e, hoje, uma das mais importantes do estado da Florida (USA).
A península da Florida, a que grosso modo corresponde o estado da Florida, foi vendida pelos espanhóis aos Estados Unidos da América em 1821. A cidade de Miami, porém, só começou a ganhar corpo por volta de 1900 quando o empresário Henry Flagler, dono dos caminhos-de-ferro da costa leste, decidiu estender essa rede até Miami e construir o, ainda hoje sumptuoso, Royal Palm Miami Beach Hotel (o mesmo que me ofereci a mim próprio para esta estadia… hehehe… tá-se bem…). E isso ficou-se a dever ao facto de Henry Flagler ter farejado, para esta região, um enorme potencial turístico que o tempo veio a confirmar.
 
posted by José at 17:17 | Permalink | 16 comments
06 abril 2006
Assustamos os gajos
Hehehe... assustamos os gajos.
Ok, tá bem... Pronto. Perdemos. Vencidos mas não convencidos. Já dizia o Aleixo, "a razão mesmo vencida não deixa de ser razão"... e nós que somos de "antes quebrar que torcer" aqui estamos de cabeça erguida...
Cabeça erguida que a vida continua e amanhã ala... Miami é já ali... e o cruzeirito é para fazer... hehehe...

Paris (Millennium Hotel)
 
posted by José at 00:19 | Permalink | 9 comments
05 abril 2006
Papoilas saltitantes
É hoje.
É só acreditar, lutar e ganhar.
Soltem a chama imensa.


Ser Benfiquista
É ter na alma a chama imensa
Que nos conquista
E leva à palma a luz intensa

Do sol que lá no céu
Risonho vem beijar
Com orgulho muito seu
As camisolas berrantes
Que nos campos a vibrar
São papoilas saltitantes.

 
posted by José at 00:33 | Permalink | 17 comments
04 abril 2006
A laranja mecânica














É uma das notícias do dia. A Diocese do Porto considera não ter existido violação dos regulamentos internos da Oficina de S. José em relação aos 11 jovens envolvidos no homicídio de um sem-abrigo, na cidade do Porto, em finais de Fevereiro.
Pois, claro... a culpa de tudo só podia ter sido duma data de putos marados que já nasceram com o instinto sanguinário cravado nos genes. Suas eminências reverendíssimas nunca, por nunca, poderiam ter tido alguma responsabilidade em tão depravado acto.
Não precisam de nos dizer mais nada. Já sabemos que podemos dormir descansados...
 
posted by José at 16:18 | Permalink | 12 comments
03 abril 2006
Countdown







Quero ouvir rufar o merengue, o mambo, a salsa e a rumba…

ecoando, sons frenéticos e sibilinos, à brisa morna do fim da tarde…

quero as maracas, saxofones, acordeões, trompetas, teclados e todas as percussões, numa mescla mágica, desafiando coreografias… insinuando gestos…



Quero saciar um desejo no trago inebriante de um mojito ou no sorvo arrastado de um daiquiri…
 
posted by José at 17:09 | Permalink | 20 comments
02 abril 2006
Tcharan... tcharan...





A mala já está prontinha.
Quarta-feira,… tcharan… tcharan…
ala que se faz tarde.



Por, agora, aqui fica mais uma amarelinha do meu jardim… que depois de quarta só me volta a ver dia 17. Amarelinha porque em Barcelona vamos pintá-la de vermelho…


















O barquinho é o “Navigator of the seas”… caribbean cruise… podem roer-se de inveja que deste já ninguém me tira… e a inveja, a mim, já não me faz mossa… foram muitos anos à chuva…
aos amigos, levo-os comigo (os da blogosfera incluídos)… hei-de lembrar-me deles sempre que forem boas as emoções e terna e doce a brisa a bater no convés… e se a lua não me faltar juro que a hei-de beijar…

O quadro é do Francisco Laranjo, um amigo cá do sítio… para mim os santos da casa também fazem milagres… e o Francisco é um grande artista. É, sem favor, dos melhores contemporâneos portugueses ao lado de grandes mestres como Júlio Resende, Graça Morais, José Rodrigues, Júlio Pomar, Paula Rego…
Nestas coisas da beleza não sou fundamentalista. Tanto me emociono com gravuras rupestres, como me arrebato pelos contemporâneos mesmos pelos mais vanguardistas… pelo caminho tanto me deixo empolgar pelos renascentistas, como me deixo entusiasmar com os impressionistas ou com os surrealistas… até a mais recôndita e genuína arte popular me enleia a alma… por, agora, basta-me o Francisco Laranjo.
 
posted by José at 14:36 | Permalink | 17 comments