Caiu-me agora aqui
Caiu-me, agora, aqui um poema de Fernando Pessoa (Alberto Caeiro). Ok, porque é segunda e é Primavera, também pode ser.
Quando Vier a Primavera
Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.
Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma
Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.
Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.
Albero Caeiro (F.P.)
post scriptum - A propósito de um título... quando estou de mau feitio dá-me para isto. Pareço um daqueles "moçoilos" de fraque e lacinho que andam pelos restaurantes e similares a vender flores para oferecer às "ladies". Só que eu não tinha lá muito jeito para isso... chegava ao fim sem flores e sem dinheiro. Ofereci-as todas... hehehe. Por isso, aqui fica, também, uma homenagem a todos esses "moçoilos" que tanto nos "desenrascam" quando queremos fazer um bonito que não estava previsto, como nos deixam "encabulados" quando não dava jeito nenhum que aparecessem (hehehe...).
Se estás de mau feitio, imagina o que podes fazer quando o mau feitio já estiver a léguas de distância?
As flores, uma delícia...
Confessa: Quem cuida do teu jardim? Sim porque se trabalhas a semana toda não vais ter tempo para ter tudo assim tão lindo e perfeito.... confessa...
O poema, muito especial, Alberto Caeiro não precisa de palavras...
Quanto ao Post Scriptum... eu já tinha pensado nisso... coitados destes que andam a vender flores, ao menos ganham a vida com o seu trabalho e só isso é nobre...
beijinho para ti, José do mau feitio :D ***