02 junho 2007
Fuscas...
Como bom capricorniano tenho o irritante hábito de racionalizar demasiado os meus comportamentos e gestos. Apesar de ser algo que, sinceramente, não me agrada lá muito e que de todo quase nunca consigo evitar, devo reconhecer que tem a vantagem (ao menos isso) de garantir que raramente cometa “gaffes” ou pratique gestos que me possam causar situações de forte embaraço público.
Por isso, o desafio da Immortal para que relatasse uma situação embaraçante que tenha vivido, tenha sido, para mim, um enorme desafio. Desafio de procura na memória de algo que me tenha provocado vergonha pública... pública, porque envergonhado e tímido já sou por natureza. Bom..., mas depois de muito procurar na memória, lá me consegui lembrar de uma e que não é lá muito própria de ser contada aqui. Mas vou tentar... não vou referir datas nem locais específicos para evitar identificar pessoas, já basta que me identifiquem a mim e que não saia lá muito bem na fotografia... então foi assim:
Na primeira metade dos anos 90, por força da actividade que desenvolvia, na altura, fui convidado para um jantar de encerramento de um encontro nacional da polícia. A mesa tinha a configuração de um U e havia comensais de um lado e outro da mesa disposta nessa configuração. Ditou o acaso que ficasse sentado ao lado do presidente da Câmara lá do sítio (pessoa de quem era particular amigo) e este, por sua vez, sentado ao lado das chefias da polícia que ocupavam os lugares centrais da cabeceira da mesa.
Mesmo em frente ao “je” ficou sentada uma agente açoriana (notava-se, claramente pelo sotaque) que era portadora dum corpanzil e dum vozeirão dignos duma série policial de terceira categoria rodada nos subúrbios de Nova Iorque no final dos anos setenta.
Mal começou o repasto, logo a matraca se iniciou em languidos, atrevidos e descarados exercícios de provocação libidinal a um dos oficiais que estava sentado à distância de três lugares à minha esquerda. O destinatário torcia-se todo de cada vez que voava mais um piropo despojado de qualquer discrição ou sentido de oportunidade... o homem já não dizia coisa com coisa e suava por tudo que era escape cutâneo. Naquela zona da mesa era mais do que evidente o constrangimento provocado por tanto “latão” e atrevimento. Era notório o constante mudar de assunto de conversa como forma de contornar tão delicada situação...
Perante a ausência de correspondência do destinatário que estava já mais vermelho e suado que um moiro em fim de batalha e porque percebera os exercícios de disfarce dos que o rodeavam, a “assediadora implacável” ensaia uma “tirada” mais ousada e mais audível... o que provocou um súbito silêncio na cabeceira da mesa.
Naquele momento de extremo desconforto fui compelido a um gesto de ingénua generosidade... tentei que o “camião” se entretesse comigo para aliviar a tensão que se vivia ali ao lado... e qual D. Quixote de lança em riste, virei-me para ela, como se de um “moinho de vento” se tratasse, e ripostei:
- Já reparou que ali o “nosso” comissário está noutra onda!?... não se quer virar antes para aqui?...
Ó céus... ó raios e coriscos... ó todas as maldições... não é que o estafermo desata às gargalhadas tronitroantes provocando o silêncio e a atenção total na sala... e perante o silêncio e a atenção de todos, vira-se para o aprendiz de D. Quixote e diz-lhe com aquele vozeirão todo:
- Olha, olha, virar-me para si? Nunca! Uma polícia nunca se deixa f... por um civil.

PS - E, agora, Immortal, havia necessidade disto, havia?
 
posted by José at 14:10 | Permalink |


8 Comments:


  • At 2/6/07 17:31, Blogger Tetracloro

    tss, tss... José... tu não percebes-te foi a deixa...
    Ela queria-te era fardado :)

    Abraço

     
  • At 2/6/07 22:52, Blogger Gi

    Bem feito, quem mandou pôr a foice em seara alheia?!... ;)


    Se ela com esse palavreado todo fosse como a da fotografia aposto que lhe punhas uma rolha na boca ou tampões nos ouvidos e até esquecias o resto ...


    Beijinhos :)

     
  • At 2/6/07 23:55, Blogger InConfidências

    (rs)...Só você mesmo pra me fazer rir aqui sozinha...Saudade viu?? E to chegando no jardim da tua casa..

    beijoo de bem-me-quer...

    bom fds.

     
  • At 3/6/07 23:33, Blogger José

    Tetra,
    ... hehehe... pois era, pá... num me lembrei... hehehe... deixa lá, também não se perdeu nada...
    Abraço

    Gi,
    Foi só por generosidade... e por boas intenções... hehehe... Ó Gi, também caramba... a coisa tem de fazer "click" se não, não dá... hehehe... e muito menos com rolha... hehehe... sou capricórnio, pá... e isto tem os seus ques... hehehe...
    Beijinhos

    C_britto,
    Pois, tu ris e eu envergonhado... hehehe... assim não dá... hehehe...
    Vai rindo e pega uma flor
    Beijinhos

     
  • At 4/6/07 22:50, Blogger Mel

    ahahahahah
    toma e embrulha :P

     
  • At 4/6/07 22:52, Blogger José

    Ahah... ainda gozas?... nunca mais te conto nada. Hehehe...
    Beijinhos

     
  • At 5/6/07 00:21, Blogger Mel

    então, metes-te com a moça e tavas à espera de quê se não era graduado?

     
  • At 6/6/07 01:58, Blogger José

    Immortal,
    Eu não me meti com a moça... eu só estava a tentar desanuviar o clima... hehehe...
    Beijinho